quarta-feira, 31 de agosto de 2011

"Tudo que é sólido se desmancha no ar"

Nos últimos dias, as notícias do câncer recém-descoberto no Gianechinni e do estágio da doença em Steve Jobs me fizeram refletir bastante. Uma doença como essa sempre dá assim um certo pesar, e não foi diferente nesses casos, mas o que me deixou bastante reflexiva foi o fato de que, de um modo bem interessante, há um aspecto simbólico muito forte, pelo menos no meu imaginário, no que diz respeito a essas duas pessoas. Gianechinni simboliza beleza. Jobs, poder.
Se, diante de uma doença qualquer, é inevitável pensar na fragilidade e na efemeridade da vida, no caso desses dois a conversa ganha uma dimensão muito maior, pois se estende para o campo dos símbolos e, então, arrisco-me, sem medo de despejar lugares-comuns que são, a meu ver, sabedoria em estado puro, a afirmar que não há poder, beleza ou dinheiro que se eternizem indefinidamente. Tudo é movimento, fluxo e mudança (como diria um amigo meu, tudo é passageiro, menos o motorista e o cobrador).
Estranho é que, “presos na matrix”, não nos damos conta disso, e passamos a viver as situações transitórias como se fossem definitivas, como se não fossem a ilusão que efetivamente  são. Sofremos e nos desgastamos e fazemos bobagem, a fim de acumular tesouros que vão simplesmente se desmanchar no ar. Queremos ser ricos e lindos e poderosos  para, no final, como diria a Rita Lee, tudo virar bosta.
Não estou defendendo aqui, entretanto, que nos enfurnemos então numa caverna, ignorando as possibilidades e facilidades que a vida oferece, mas que as dimensionemos, estabelecendo uma escala de valores que realmente “dê a César o que é de César”. Ainda que você seja um ateu convicto (e desconfio que eles existam em bem menor número do que apregoado, haja vista a enorme massa que queima  incenso  nas bolsas de valores , para o deus Dinheiro, ou a turma imensa que entra em êxtase místico diante dos shoppings espalhados pelo mundo), há algo na experiência humana que é extremamente valioso: amor, afeto, sinergia, sei lá qual é o nome que se dá a esse “algo”, mas ele com certeza é Algo assim, em letras maiúsculas, que perdura de modo independente das circunstâncias (segundo minha fé, dura inclusive para além da morte) e dá sentido  ao Grande Mistério que é estar vivo.
(Desculpem fugir um pouco da linha editorial do blog, mas é que não resisto. Amanhã, voltamos à programação normal.)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

He'll drove all night...

Ontem o Ivens fez a primeira incursão pela EPTG. Fomos ao aniversário de uma amiga minha (a propósito, o níver foi no Le Butecô, que inaugurou há pouco na 209 Sul e que super recomendo) e ele voltou dirigindo.
Só digo uma coisa: neguinho suou .
Depois que cheguei viva em casa (altas emoções!), até que foi divertido ver a EPTG sob o olhar de um motorista iniciante (antes que vocês pensem que sou louca, devo informar que a pessoa já tem carteira; só não tem  é o costume de dirigir!).
Primeiro que ele acha tudo muito movimentado. Detalhe:  eram quase 10 horas da noite. Imaginem o rapaz dando um rolê por ali às 18 horas...
Depois, é sempre uma tremenda dificuldade mudar de pista. O movimento  tem que ser previsto com minutos e mais minutos de antecedência e é sempre muito sofrido: “será que vai dar? ”.
Aliás,  também é possível que você, passageiro no banco do carona, sentado com as mãos crispadas,  ouça coisas como “eu só preciso mesmo é conciliar o retrovisor com os espelhos, pra calcular a distância do outro carro” ou “não coloca o som que eu preciso me concentrar” ou  “cadê a faixa? Cadê a faixa? Cadêêêê a faixa??”, isso tudo a 60km/h, numa pista de 80. Mais  duro ainda é pensar (e reconhecer) que também já  teve comportamentos assim, isso lá no século passado.
Para ser justa, entretanto, devo acrescentar que o rapaz se saiu muito bem  e não deve levar a sério o que chegou em casa dizendo, esgotado:   “não compro carro tão cedo; o metrô ainda vai me ver por muitos e muitos dias!”. Há certas situações (e direção de veículos é só uma dentre  várias) em que a prática decididamente é que leva à perfeição.
(Sou sábia?)

Momento de Paixão

Vocês devem estar achando que eu pago pau demais para o Cláudio, mas é que os comentários dele são sempre tão legais que eu não resisto a compartilhar com mais gente. Olhem só as dicas:

Concordo com você, os preços em Águas Claras são irreais. Tem um self-service no Shopping Quê, que tem uma comidinha bem simples e quer cobrar o preço do Mangai.

O preço é bem mais caro que no Sudoeste, lá se pelo preço deste restaurante do Quê (+ou- R$ 35,00 o kilo), se come no Fausto e Manuel domingo (dia mais caro), com direito à bacalhau, salmão (pra quem gosta - não é meu caso) e camarão.

Ainda não provei a feijoada do Piratas (até ganhei este desconto, mas não pude ir), a do Bar do Ferreira (Quê) é muito boa, não é muito barata (acho que R$ 29,00 à vontade) mas vale o preço e ainda tem um pessoal tocando chorinho.

Não sei se você conhece, mas na rua da Estação Concessionárias (paralela à Castanheiras, acho que chama Boulevard Águas Claras, entre 33 e 34 norte), tem alguns barzinhos, o do meio, tem uma feijoada bem simples, mas boa no sábado, acho que por 20 e poucos reais o kilo. A cerveja é gelada e com preço bom, R$ 4,00 Antártica e Skol e R$ 5,00, Original, Serra Malte e Heineken (destas sei o preço de cor).

Outra opção razoavel é o restaurante do Walmart, a comidda não é lá estas coisas, porém o preço é razoavel e é limpo.

Valem ouro, não valem? Mais alguém se habilita a dar uma dica legal?

P.S.: Cláudio, seu sobrenome é um trocadilho ambulante. Sorry, mas não resisto... hehehehe

domingo, 28 de agosto de 2011

Preços e biroscas

Falei da falta de sal na feijoada do Pirata's, mas voltei para fazer um reconhecimento: fomos muito bem-atendidos e a comida foi preparada no capricho (eu é que gosto mesmo de um salzinho puxaado). Enfim, a feijoada vale quanto custa, efeito que, já observei, não acontece sempre aqui em Águas Claras. Explico-me.

Acho que, na cabeça de alguns comerciantes da cidade, a perspectiva é de uma cidade de pessoas com nível econômico bom, com padrão de vida alto, então a tendência é mandar os preços lá pra cima. O problema é que alguns desses "empreendedores" não perceberam que, em contrapartida aos precinhos salgadinhos (esse tipo de sal, eu não curto), é preciso entregar serviços de boa qualidade e, acreditem em mim, isso não acontece. A padaria aqui perto de casa, por exemplo, tem os preços lá nas alturas, quer dizer, não tão nas alturas assim, mas num esquema meio Pão Dourado. O problema é que, meus amigos, a tal padaria é uma birosca, meio sujinha, com produtos de quinta categoria (pelo menos, os que eu já comprei), atendentes mal-treinados, falta de variedade etc. Em síntese: preço de Sudoeste, mas padrão Parque São José.

Outro exemplo: na quinta, jantamos num quiosque que abriu aqui por perto (não digo o nome, por motivos óbvios). Pagamos, cada um de nós, o que pagaríamos no Pirata's (sem desconto) e, no entanto, não tem nem comparação. Para terem ideia, a garçonete amparou o churrasco em cima de um pano-de-prato bem sujo, daqueles em que vem escrito "tudopossonaquelequemefortalece". Muito fofo na casinha da mãe da gente, ou numa expedição hippie, mas, pelo preço que pagamos... não merecíamos nem o pessoal fumando maconha na mesa do lado (juro), muito menos a falta da máquina de crédito ou de uma toalha na mesa. Quer dizer, pra viver isso, era só descer para as barraquinhas em frente à Uniplan e mandar pra dentro um churrasquinho de gato de 4 reais, concordam?

Vocês devem estar me achando super pão-duro, mas o perfil não é bem esse. Não me importo de pagar caro. Faço questão é de ter retorno pelo que pago... 

01 ano

Estava aqui preparando material para a primeira oficina da formação em coaching. A propósito, as atividades desse curso parecem se multiplicar. Se não tivesse feito um compromisso comigo mesma em relação a ele, era o momento ideal de entrar em modo enrolation, mas vou ficar firme, que mais da metade já foi...

Já comecei o post fugindo do assunto, mas o que queria dizer mesmo é que interrompi o trabalho para registrar aqui este fim-de-semana especial, que é exatamente o do aniversário da mudança para Águas Claras: faz exatamente 1 ano que juntei colchão, máquina de lavar e sapatos e me desloquei para o entorno de Brasília, pra viver o sonho da casa própria (da dívida própria?).

Devo dizer que continuo muito feliz, ainda que hoje em dia seja uma felicidade mais madura. Hoje enxergo o pó, o trânsito, as torneiras que vazam, mas nada é suficiente para aplacar a doce satisfação de ter um canto, um espaço para guardar meus (poucos) discos e (muitos) livros.

Mesmo sem ter combinado nada, acabou que, por iniciativa do Ivens, acabei fazendo uns programinhas legais aqui na cidade: comi uma feijoada sem sal no Pirata's (mas não posso reclamar, que paguei metade do preço, numa promoção que o irmão descolou) e fui ao cinema a pé, pra ver Planeta dos Macacos. Enquanto caminhávamos de volta pra casa, depois de um macarrão no Spoleto, confirmei que não poderia haver melhor comemoração que essa: finalmente aproveito a cidade, com simplicidade confortável, aquilo que, pra mim, é sinônimo de qualidade de vida.

domingo, 21 de agosto de 2011

Proletários de Águas Claras, uni-vos!

E por falar em Ivens, vou pedir para ele escrever uma participação especial aqui no blog, narrando as táticas e estratégias que está desenvolvendo, pra andar de metrô e se dar bem, o que, no caso dele, homem jovem e saudável, significa arrumar pelo menos um espaço pra sustentar o braço.

É  claro que, andando nos horários em que anda, NUNCA vai vir sentado, mas sempre se pode vir um pouquinho mais confortável, e é sobre isso que vou pedir pra ele, proletário morador sem carro desta cidade de transporte público caótico, escrever.

Aguardemos, que as manhas são hilárias; eu garanto.

De verdade

Fui para a academia (disciplina é meu sobrenome e academia-no-domingo-até-parece-que) e havia uma festa acontecendo no salão.

Eu disse FES-TA, não essas coisinhas finas que às vezes acontecem por aqui, com sonzinho baixinho, tocando blues, e pessoas equilibrando brioches com a pontinha dos dedos, enquanto sussurram coisas profundas.

Eu falei churrascão, com Leandro e Leonardo tocando na maior das alturas ("entre tapas e beijos/ é ódio é desejo/ é sonho, é ternura...") e um monte de gente alegrinha (pra não dizer chapada mesmo), segurando copinhos descartáveis com cerveja e falando do campeonato brasileiro, enquanto as crianças correm pra lá e pra cá  e as mães de vez em quando puxam uma ou outra orelha.

Festa de verdade, entenderam?

(O Ivens está dizendo aqui que começou cedinho. Festa, enfim, daquelas que dão vontade da gente participar também.)

Com vocês, o Paixão

Como sei que os 2 leitores que tenho não vão aos comentários, PRECISO compartilhar o último comentário do Cláudio, que só comprova uma coisa: falar das nossas experiências não permite só achar interlocutores, mas também pessoas que vivem coisas tão parecidas que, de alguma forma, fazem nossas vivências ganharem sentido, um sentido compartilhado, que nos faz sentir menos sozinhos .

Bem, chega de blablablá e vamos ao que interessa:

Obrigado pela deferência e pelo poemito!! Você não está falando pras paredes!

Mudei aqui pra Águas Claras em outubro de 2010, infelizmente ainda não para meu próprio apartamento, que deveria ter ficado pronto em março de 2011; adiaram pra setembro e pelo que estou vendo não vai ficar pronto no prazo. Mas acho que até o fim do ano entregam.

Infelizmente também tenho um vizinho flamenguista e como você, não gostei do atendimento do Piratas.

Agora algumas diferenças; o OBA eu nem conheço, faço compras geralmente no Walmart.

A poeira nos móveis nem me incomoda muito (acho que mulher enxerga mais sujeira que homem), só a secura, mas acho bom quando a secretária vem e deixa a casa habitável novamente.

Academia ainda não arrumei por aqui e no prédio que estou morando atualmente a academia é muito pequena, então nem apareço por lá, enfim fico enrolando, arrumando um monte de desculpas e só engordando.

Despertador já dispensei há muito tempo, acordo com sirene das obras, pontualmente as 7:00.

P.S.: Cláudio, você PRECISA conhecer o OBA. Acho que vai amar...

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Levantou poeiiiiira!!!!!

Ontem recebi um  comentário fofo do Claudio Paixão e isso me deu o maior gás pra voltar a escrever no “Em Águas Claras”.  Enfim, adorei, e vamos então, graças ao estímulo do conterrâneo,  retomar o nosso tema: a vida no Reino das Águas Claras. 
Viver em Águas significa estabelecer uma relação bastante intensa (não posso dizer amorosa) com a poeira, principalmente nos meses do ano em que nos tornamos definitivamente um deserto, tamanha a secura (na segunda, chegada do Ivens a essas terras candangas, fez simplesmente 10% de umidade do ar. Eu disse 10%. O que seria “normal”? Algo assim em torno de 60%...). O clima é seco e a cidade provavelmente ainda é o maior canteiro de obras da América Latina, o que significa que convivemos com uma mistura de terra esturricada do cerrado com cimento pesado. Hoje, por exemplo, a fiel escudeira fez o faxinão semanal lá em casa. Quando chegar, mesmo com janelas hermeticamente fechadas, as partículas-ninja de poeira terão se infiltrado e cada cantinho terá adquirido uma linda e maravilhosa camadinha marrom-acinzentada.  Isso no MESMO dia da faxina. Daqui a uma semana, o cenário é aquele que a gente só encontra em casas abandonadas há milênios, quase uma coisa assim Pompeia.
Estranho é que a gente sobrevive. Afinal, outubro tá quase ali, pra gente se afundar mesmo é na lama.
(Pra terminar, um poemito,  especialmente para o Claudio:
“Paira a poeira. A poeira paira.
Para, poeira!”)

Ouço vozes... e muitas risadas também!

Desde a segunda, venho ouvindo vozes, diretamente no meu quarto, altas horas da noite.
Ontem, decidi  olhar pela janela: abriram um bar em frente ao prédio e as conversas caem DIRETAMENTE na minha cama.
E olha que o fim-de-semana  ainda nem chegou... e pior é que nem torço contra, pois sei que simplesmente são pessoas querendo ganhar a vida honestamente.
Paciência.