Assim que o rejeitado se retirou,
eis que surge o nosso personagem querido, a partir de agora denominado O Síndico, que, depois de diversos comentários sobre o
tempo e o vento, perguntou se haveria problemas em “fazer um barulhinho, pra ajeitar os
fios dela, a TV”. O tal aparelho parece
ser assim uma espécie de viaduto do síndico, obrinha querida, que dá orgulho e
visibilidade e eu não tive alternativa, a não ser deixar que a furadeira arrebentasse
todas as possibilidades de ler minha querida revista inútil.
Logo mais dois colegas de academia dão as caras, em plena segunda às 10 da manhã. Além do
inusitado da cena em si (4 adultos "em casa", em pleno horário comercial), coincide
que, além disso, também somos senhores-proprietários-classe-média, legítimos
pagadores de taxas condominiais, de modo que, inevitavelmente, a conversa logo
descamba e vira uma espécie de reunião informal do condomínio. Fico sabendo então que lâmpadas
têm queimado sem parar e infiltrações são terríveis e graças a Deus que não
temos isso no prédio. Descubro também que
vão transformar o salão de festa em “espaço gourmet”, ou seja, vão modernizar o lugar e colocar uns sofás mais uma TV (viadutinhos do coração!) e que tudo isso significa uma taxa
extra que vai durar quase toda a eternidade.
Fiquei quieta, só ouvindo,
agradecendo a Deus por haver pessoas que decidem por mim, mas também me
perguntando por que cargas d’água sou tão irresponsável e deixo nas mãos dos
outros um tipo de decisão tão importante.