sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A pé - e com sacolinha reciclável

Uma das sacadas mais bacanas desta onda chamada “Sustentabilidade” (um balaio de gatos muito amplo, no qual cabem muitos conceitos) é a que defende a valorização dos comerciantes  e fornecedores (a palavra da moda é “empreendedores”, pois não?) locais. O chamado “consumo  local” evitaria gastos  (e desgastes) tais como combustível para transporte ou material para embalagem.

Intuitivamente, com quase nenhum respaldo teórico (ou mesmo atuação militante), essa tem sido uma tendência  que tenho acompanhado com muito interesse e aplicado com algum empenho. Talvez por morar em Águas Claras e trabalhar no Plano Piloto, vivendo as agruras do trânsito, tenho buscado cada vez mais resolver minha vida num raio de poucos quilômetros. Afinal, já que não posso mudar meu local de trabalho, posso pelo menos fazer as unhas na vizinhança... Só para dar um exemplo da “radicalidade” com que tenho adotado o modelo: desde que me mudei para a cidade, sempre  fiz depilação e sobrancelha com as mesmas pessoas. São profissionais excelentes, mas, durante esse meu “sabático da maternidade”, acabei testando outros, mais perto ainda. A ideia é alcançar os serviços a pé: se para chegar ao endereço antigo eu levaria uns 20 minutos, agora levo 5 - e não perco nada em qualidade.


Sei que para muita gente isso é inviável, pois a fidelidade aos fornecedores pode ser grande.  A grande questão é que, no caso que narro,  por mais que os profissionais sejam bons, é possível encontrar algo equivalente, muito mais perto – e eu sempre optarei pela proximidade, pela familiaridade, pela formação de parcerias mais parecidas com a vida no interior. Como disse (e ficou claro no que escrevo), não sou uma especialista, mas percebo que, se essa tendência se disseminar e se estabelecer,  as empresas precisarão investir em dois grandes blocos de atuação: ou se tornam imprescindíveis, oferecendo produtos (realmente) insubstituíveis, ou resolvem para seus clientes essa questão da mobilidade, que, no meu entendimento, será chave para  as gerações que virão.  Fazer mais do mesmo, sem se tornar especial ou se aproximar pra valer de quem consome, será dar tiro no próprio pé.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Águas Claras para Iniciantes

Recebi ontem comentário de um leitor aflito, que busca informações sobre Águas Claras, e achei que isso daria um bom post. Reproduzo a seguir o pedido do Roberto:

Gostei muito do seu blog, mas estou boiando em muitas coisas. Não sei onde é o Primeiro Bar, por exemplo. Só conheço Águas Claras pelo mapa. Mas, em breve, vou morar aí. É assustador. Minha esposa terá uma semana para escolher um apartamento, e também conhece muito pouco sua terra; moramos em Beagá. Por favor, para não boiarmos literalmente (há no YouTube uns vídeos terroristas com enchentes em AC), me responda: a rua 18 sul é boa de morar? dá para ir andando até o metrô com tranquilidade? E o condomínio Tropical, é uma boa opção? Onde é ótimo, onde é bom e onde é roubada em Águas Claras? Desculpe as perguntas, mas a insegurança é fogo. 

Caro leitor, em primeiro lugar, você deve mesmo estar boiando MUITO. O blog é todo cheio de referências de aldeia, então deve ser super chato ler certas passagens, por isso agradeço sua audiência. Aproveitando o ensejo de boias e similres, não se preocupe muito com enchentes na cidade. Houve um tempo, logo que cheguei aqui (faz 3 anos), que aconteciam uns entupimentos de bueiro que eu vou lhe falar, um dia quase boiei  com meu carro (de forma literal) na rotatória da Uniplan (você vai entender um dia  qual é essa rotatória).  Parece-me (e os outros leitores me corrijam, se estiver errada) que essa situação é bem menos comum, pois eles abriram umas saídas para a água. 

Uma coisa que você tem que ficar esperto, principalmente se for COMPRAR o apartamento, é para o caso de construções nas quais a garagem começa a “brotar” água. Ocorre que, como o nome diz, este aqui era um lugar de muitas nascentes, que a sanha imobiliária (adoro expressões-clichê! abafou com concreto, mas, você sabe, “água mole em pedra dura...”,  então é bom ficar de olho. Quem me disse isso foi uma corretora  que queria empurrar uma casa  em outro bairro, mas acho que pode ter lá seu fundo de verdade.

Sigamos.

Não sei como vocês vão se locomover pela cidade, mas um dos critérios que adotei, ao escolher apartamento, era o da proximidade com esse meio de locomoção. Poder ir a pé até a estação é bacana. Também já ouvi, de uma pessoa experiente, que o ideal é preferir as quadras “fechadas”, aquelas com pracinhas, pois são mais tranquilas. Em outras palavras, as beiradas da cidade são menos movimentadas que o miolo. Eu moro no miolo, mas, se soubesse disso antes, talvez tivesse preferido uma das quadras. Um outro critério, este de ordem menos prática, mas que considerei também, é o da proximidade com o Parque. Amigo, você e sua mulher, mesmo não sendo malhadores contumazes, certamente curtirão um fim de tarde em frente ao laguinho, ou tomando uma água de coco no quiosque. É muito bom e descansa o olhar da gente de tanto prédio e carro.

E por falar em carro, prepare-se. Águas Claras fica bem próximo do Plano Piloto (uns 15 minutos, no máximo, de carro), mas, nos horários de pico, você pode levar mais de 1 hora para alcançar seu destino. Isso é bem estressante, mas contornável, tanto que conheço muita gente de poder aquisitivo alto que, mesmo podendo  se livrar disso, prefere ficar por aqui mesmo. Enfim, estou procurando traçar o cenário real: prepare-se para dirigir e dirigir e dirigir (daí a importância do metrô, entende?). Digo isso, evidentemente, levando em consideração que você e sua mulher vão trabalhar no Plano Piloto, em horário comercial. Se o horário for mais flexível ou mesmo vocês forem trabalhar por aqui mesmo, fica perfeito, até porque uma das outras vantagens de Águas é que dá para resolver tudo por aqui, principalmente no que diz respeito ao consumo. Como a cidade é considerada território de emergente (e é), dá para curtir por aqui – ou, no máximo, em Taguatinga, que é grudada com Águas Claras.

A propósito, já vão aprendendo: a resposta para todas as suas dúvidas e questionamentos acerca de situações práticas é quase sempre uma só: Taguatinga. Hospital? Águas Claras não tem, mas Taguatinga tem o Anchieta, que dá bem para o gasto. Escola pública? Águas Claras não tem, mas Taguatinga sim. Shopping maior? Só em Tagua. Em outras palavras: se você quer se divertir, Águas Claras é autossuficiente. Se quer trabalhar, vá para o Plano. Se quer resolver coisas práticas e gastar menos, Taguatinga.

Acho que já falei demais. Quem sabe volto ao assunto noutro momento, criando uma série sobre o tema? Achei legal! Quanto a vocês, querido  casal, não se assustem. Procurei dar um panorama o mais isento possível, mas a verdade é que sou apaixonada por Águas Claras. Não é à toa que inclusive tenho um blog sobre a cidade. Se sua mulher precisar de alguma ajuda quando vier escolher o apartamento, é só falar, que eu reservo um tempo na minha agenda para ela (isso se ela não se incomodar de sair com um bebê e uma bolsa e tudo mais).

(A propósito, no meu prédio há muitos apartamentos para alugar.


Vocês fazem questão de muito espaço?)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rovereto Pizza na Pedra

(Este não é um publieditorial stricto sensu, pois ninguém nos procurou para bancar um rodízio de pizza, mas preciso avisar que ganhei um sorteio das Mães Amigas de Águas Claras  e participei da inauguração, sem ônus (só pagamos as bebidas). Preciso esclarecer isso, não só por uma questão de transparência, mas principalmente porque tecerei alguns elogios e quero deixar claro que esses elogios NÃO têm a ver com o fato de eu ter comido digrátis. Quem me conhece sabe que, se a coisa fosse ruim, eu não perderia meu tempo mentindo aqui, mas é bom deixar tudo às claras.


Ufa, que confuso, não? E eu só queria dizer que não se compra minha opinião com uma rodada de pizzas.


Pronto, continuemos.)


A pizzaria é pequena, fica no prédio ao lado do Vitrinni Shopping (dá frente para a Boulevard, ou seja, para o metrô). Já comecei a gostar por aí. Tenho muita simpatia por espaços originais,  diferentes. Ando meio cansada de franquias e padronizações. É gostoso entrar num lugar e não saber muito bem o que encontrar, abrir-se para o novo, fugir dos esquemas pré-estabelecidos.


Logo na entrada, quem é que encontramos? O Osmaaaaaaar, do mítico Bar do Osmar. Já comentei sobre o tal bar por aqui e lamentei muito quando fechou (ficava naquela região de barzinhos conhecida como “Quadra do Pirata’s). Vai que o mundo gira e o Osmar é gerente da pizzaria, que o dono mora no mesmo prédio que o Osmar e o Paixão depois me falou que sentiu uma alegriazinha danada, quando encontrou o gerente, pois pensou “ufa, não é tão roubada assim como eu pensei, pelo menos a cerveja gelada está garantida, que o Osmar é profissional”.


Logo começaram a servir e, gente, a pizza veio na pedra mesmo, pedra pesada, que os pobres dos garçons se dependuravam nos pratos para servir (acho que o modelo da pizzaria não é rodízio; eles só serviram assim para nosso grupo). Quando experimentamos, nossa, que coisa boa de verdade. Não é uma pizza gourmet, tipo as do Dudu Camargo, mas passa LONGE daquelas que pedimos pelo telefone ou encaramos nesses rodizões da vida. Massa delicada, recheio impecável e, gente, uma bordinha de queijo tostadinho que eu nunca tinha comido antes numa pizza (sou mineira e queijo sempre cai bem, né?).


Achei engraçada a fala do dono: “gente, avisem para as pessoas que a pizza aqui é na pedra, então pode demorar um pouco”. Na verdade, o que eu estou avisando para meus amigos mesmo é que vale a pena experimentar, nem que seja para fugir do ramerrão rubinho-shoppingquê-vamospedirportelefonemesmo.  Se demorar, você pede um chopinho (ou  um suco, que também estava ótimo) e aproveita para namorar ou jogar conversa fora, que viver também é isso.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Old School

Enquanto não sai oficialmente o nome do novo Administrador de Águas Claras (quero muito dedicar a ele um postzinho...), falemos sobre um tema que já apareceu neste blog, mas que merece ser retomado: “o novo jeito de morar”. O tema me toca porque é assim que eu vivo, desse jeito moderno, avançado, dinâmico e... detestável.

Tratemos do prédio onde moro: o prédio foi todo pensado dentro dessa perspectiva inovadora. Dá pra você perceber o  trabalho de um MEGA arquiteto, que tudo ali foi pensado, estudado, que não se criou uma caixa de sapatos pouco criativa. O local tem projeto arquitetônico, não se pode negar: a fachada é linda, a recepção tem pé-direito alto, as torres são bacanas. Tudo é lindo (apesar da construtora ter utilizado material de quinta categoria, mas isso é papo para um outro post), mas não se pode ignorar que, em cada corredor e em cada viga, grita um CONCEITO, uma PROPOSTA, que basicamente consiste, vejam só vocês, num novo jeito de morar.

O conceito, no caso, me parece ser o seguinte: vida comunitária. Tudo no “complexo” foi pensado a partir da convivência, da interação, da utilização de espaços comuns. A partir dessa ideia, tudo foi estruturado: a área de lazer é fantástica, com direito a quadra de squash, cinema e  “espaço comum” a cada 6 andares. Os espaços privados, os apartamentos em si, por sua vez, não precisam ser tão grandes. Eles são um lugar para se dormir apenas. Todas as outras atividades que fazemos num lar (receber amigos, brincar com as crianças, jogar, malhar, cozinhar) podem (e devem) ser feitas de forma compartilhada, do ladinho do seu vizinho do 23º andar.

Acho de verdade que deve funcionar para alguém. Penso inclusive que isso pode ser uma tendência  irreversível, mas sou old school e, meus amigos, tudo que eu mais quero nesta vida é:
dizer apenas  “boa tarde” e “boa noite” para os vizinhos, no elevador e não saber nada da vida deles e  eles não saberem nada da minha e sim, eu sou muito egoísta e cada vez que desci para a brinquedoteca tinha umas 3 mães camaradas entre sí, que me olharam com hostilidade e eu não tenho saco para conquistá-las ou mesmo provar que sou moradora sim e que tenho tanto direito quanto elas de estar ali;
-cozinha onde caiba uma mesa, ainda que pequena, e não uma cozinha que é um corredor estreito, onde, para passar um, o outro tem que interromper a tarefa (“amor, dá licença, posso abrir a geladeira?”; “claro, bem, pode passar, eu já estou terminando aqui com as louças”);
um banheiro onde seja possível pendurar os xampus.

Enfim, sou uma velhinha com dificuldades adaptativas, que só quer mesmo um jeito antigo de morar, com privacidade, espaço, convivência seletiva.


(Depois de reler o post, vi que preciso mesmo é voltar a estudar, pois a grana é curta e, por enquanto, tenho mesmo é que levantar a mão para os céus por, diferente de tanta gente, ter onde morar.)

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A vida na caixa de fósforo

Depois que tivemos o bebê, descobrimos o quanto o apartamento é pequeno. Sim, caros amigos, porque uma certa mocinha, que hoje pesa pouco mais que um saco de arroz, ocupa um espaço fenomenal.

(Estava tão apertado que tiramos a foto no corredor. rs)
Comecemos pelo quarto. Sabe aquele quartinho que abrigava toda a sua bagunça? Então, ele passa  a ser dela e você tem que dar fim na cama de solteiro, no colchão e em todos aqueles livros e pastas que acumulou. Tudo bem, isso não é ruim, mas não se esqueça de que é preciso comprar o berço e uma cômoda. Antes que me perguntempor quê a cama de solteiro não ficou, é bom informar que seria ótimo que ela permanecesse, mas o cubículo que você chamava de “quartinho da bagunça” é minúsculo.

Bem, você precisa comprar também um carrinho, que vai atravancar a sala, uma cadeirinha de balanço, que você é abusada e acha que seu bebê merece viver todas as experiências possíveis neste universo dos recém-nascidos, e uma banheira bem grande, que vai para o box de um dos dois banheiros da casa e de lá não mais sairá, o que significa que você agora vai alternar com o companheiro o uso do outro espaço (ah, que antes cada um tinha seu banheiro...).

Também é preciso achar espaço para o nebulizador,  os pacotes de fralda que o pessoal do trabalho do marido descolou para vocês, o cesto de lixo, o cesto de roupa suja, o bebê-conforto, o balde-ofurozinho que você não resistiu em comprar, as roupas e o kit de higiene, fora os brinquedos, ah, os brinquedos, que são infindáveis e se multiplicam, até porque embalagens de todos os tipos e papeis barulhentos também ascenderam à categoria “brinquedos-super-interessantes-que-não-podem-ir-para-o-lixo-pois-o-bebê-adora.

A situação chega a um ponto que você se pega dando um ultimato no marido, dentro de uma loja de bugigangas: “amor, não cabe nem mais uma agulha lá. Se você levar isso, teremos que colocar a menina para dormir no carro”.


É uma aventura, meus amigos. Uma aventura deliciosa, dentro de uma caixinha de fósforos. 

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Embolada

Estamos apaixonados pelos bolos que se compram no comercinho próximo à Quadra 105. Acho que o nome da empresa é Bolos Bem Bolados ou Bem Bolado Bolos ou algo parecido que estou com preguiça de pesquisar, mas vocês PRECISAM experimentar o bolo de cenoura com calda de chocolate deles.

Pensem numa calda generosa. Pensem num bolo fresquinho... Depois de descobrir o lugar, até deixamos a mítica Bolos do Flávio para lá, até porque o novo espaço  também vende um pãozinho-de-queijo recheado com carne, frango ou linguiça, que, gente, é coisa boa demais da conta.

 O único senão é que nem sempre você encontra o que quer. Os pães-de-queijo, por exemplo, só saem entre as 16 e as 16h10 e, gente, são super procurados, você corre o risco de chegar às 16h11 e já não encontrar.

São os percalços do sucesso, então a gente fica bem humilde na fila (sim, meus amigos, às vezes tem FILA, naquela portinha minúscula) e agradece se consegue comprar 3 pãezinhos.

Para completar a informação: os bolos ficam entre 10 e 12 reais, os pães-de-queijo (pequenos) custam cinquenta centavos. Ah, e não deixe de pedir seu cartãozinho-fidelidade: a cada mil bolos, você leva um de graça.


(Ei, Bolos Boladaços, bem que eu podia ganhar um bolo de cortesia, que este post tá com a maior cara de jabá e, bolo que é bom, eu não ganhei nenhum! #merchan)

Horta no Parque

A propósito, vocês sabiam que há uma HORTA encravada dentro do Parque Águas Claras? 

Sabe aquela quadra coberta que fica atrás de um quiosque, próximo a um estacionamento? Então, siga em frente em direção à quadra, veja um portão de ferro, passe por ele e, pronto, faça uma caminhadinha na fé que, ao fim da estradinha,  eu juro que estão belas alfaces, couves e cebolinhas, tudo por um preço bem atraente.


(Não sei se usam agrotóxicos, mas a sensação de levar pra casa alimentos colhidos na hora, bem na sua frente, já vale a caminhada.)

Mães Amigas de Águas Claras

Ando meio obcecada por esta página: https://www.facebook.com/groups/maesamigasdf/. Trata-se do maior grupo do qual já participei. São mais de ONZE MIL mulheres, trocando ideias, dicas e impressões.  É claro que  acaba rolando  também muita fofoca e, não sejamos hipócritas por aqui, este é mais um dos motivos da atração  (fatal para nossa vida produtiva) que a página exerce, mas também dá  para aproveitar de forma saudável muito do que rola por lá.


Recomendo.

Faço sacrifícios por vocês :)

Estou passando boa parte do tempo em casa. No máximo, dou uma passeada pelo Parque ou vou até a farmácia ou o banco. Essa é uma situação totalmente inusitada para mim, que trabalho fora  há quase 25 anos (sim, eu comecei cedo, muito cedo), e certamente renderia posts bem legais,  pois tudo agora acontece @emaguasclaras.  O problema é que, apesar de estar de licença, ando ocupada até o último fio de cabelo com a árdua, mas absolutamente feliz, tarefa de cultivar e regar e amar minha filha.

Agora mesmo, ela está deitadinha, tirando um cochilo matinal. Numa situação dessas, eu, que acordei 2 vezes durante a noite, para amamentá-la, aproveito para cochilar também, que não sou de ferro.  Hoje, entretanto, resolvi variar um pouco e voltar ao blog, que, mesmo emudecido, tem me trazido algumas alegriazinhas, vindas de comentários afetuosos de leitores.


Enfim, voltei. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Da varanda

Da varanda, neste exato momento mágico (22:22 de uma sexta-feira), observo:

- pessoas se divertindo no Primeiro Bar. Não está tão movimentado, principalmente se considerarmos que é uma sexta-feira. Será que saiu da modinha?

- Menino e seu skate,  descendo à toda a Boulevard, como se carros não houvesse.  Anotação mental: NUNCA oferecer  skates para degustação  da  Letícia.

- Metrô, sentido Plano Piloto.  Está vazio. É meio melancólico, não é?  

- Metrô, sentido Samambaia. São quase onze da noite e ele continua lotado. Isso eu já acho  meio angustiante.

- Prédios com quase todas as luzes acesas. Daqui a pouco, lá pelas 3 horas da manhã, quando eu acordar para amamentar e, depois, caminhar e caminhar e caminhar pela casa, apreciando minha filha linda no colo, enquanto ela se dedica a arrotos nada poéticos e vai aos poucos cerrando os olhos,  verei pelas janelas os mesmos prédios, apagados, mudos, escuros,  com uma ou outra luzinha solitária, e vou imaginar que ali, naquele cômodo iluminado,  está alguém insone ou doente e vou fazer uma prece quieta por essa pessoa, mas vou pensar também que talvez seja alguém que simplesmente esteja lendo um bom livro e agradecerei a Deus por ainda existirem esses prazeres tão simples.

- Carro descendo a Boulevard. Ainda bem que o menino do skate já se foi.


Huuuumm... e por falar em “se ir”, preciso render o Cláudio da tarefa, que ele também merece dar pausas. 

E acabei não falando nada da Biscoitos...

Já viram o brilho e o glamour da Biscoitos Mineiros de Águas Claras? Estivemos por lá no fim-de-semana passado e, nossa, senti-me tão privilegiada, eu que já conhecia os produtos deles (a torta Suflair é minha definição de doce dos sonhos) e que agora não preciso mais despencar para o Plano Piloto, se quiser “usufruir”.

Acho que lugares transadinhos fazem com que as pessoas fiquem mais bonitas.  Não sei se é porque ando meio reclusa, descabelada (alguém tem sugestão de cabeleireiro BOM na cidade? Continuo na minha cruzada pelas mãos ideais para meus cabelinhos rebeldes e safados e destruídos, que só não são ruins porque eu aprendi que não se deve dizer isso dos próprios cabelos), mas achei que, para uma tarde de sábado, estava todo o mundo muito fashion e chique e cuidadosamente casual.

Ops... acaba de me passar  pela cabeça que pode ser que as pessoas tenham SE ARRUMADO para ir conhecer a loja.

Será? 

(Acabei de ser expulsa da sala e vim para a varanda. É que o Cláudio está fazendo a Letícia dormir, tarefa hercúlea, e  reclamou da TV ligada na novela e, por tabela, dos meus dedinhos no teclado.


Novos tempos, meus amigos, novos tempos.) 

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Quase Saramandaia

Já que estou em casa, acabo “convivendo” muito mais com os vizinhos. Neste exato momento, junto com a máquina de cortar grama, que moi lá fora as beiradas do metrô, com as vassouradas da diarista nas paredes e nos móveis aqui de casa (e mais os gemidinhos da filhota, que acorda e daqui a pouco quer peito e nada de post terminado), está em ação o Pica-pau de Fim-de-Semana.

Estou estranhando. Afinal, hoje é quinta-feira e ele se adiantou à rotina que, há mais de um mês, estabeleceu: basta chegar sábado e domingo e, tcharan, temos que utilizar nossa furadeira da polishop e pregamos quadros e reajustamos as cortinas e furamos e furamos e furamos  cada centímetro dos quartos e da sala e da cozinha e do corredor  ( preciso interromper para  contar que ontem vi, na wimóveis, alguém chamando corredor minúsculo de “hall de circulação”. A-do-ro.)

Evidentemente, não basta que seja sábado ou domingo. É preciso que seja também bem cedo, de preferência às seis da manhã, pois pica-pau que é pica-pau é mutante  madrugador.

Na próxima edição da estranha série “Vizinhos do Barulho”, falaremos de um outro espécime, o Batedor Serial, que sai batendo todas as portas da área comum do prédio, mesmo que seja super cedo ou super tarde, para depois mexer tresloucadamente na chave e na porta. Só aí chama o elevador, que sobe gemendo e, ufa, leva para  longe nosso personagem, trazendo  aos ouvintes, enfim, esta raridade chamada sossego.  

(By the way, é claro que estou sentando no próprio rabo. Afinal, também integro a fauna, sendo mais conhecida como a Mão-que-embala-o-berço-mas-não-consegue-fazer-o-bebê-calar-a-boca-às-3-da-madrugada)

Enjoadinho

Ontem perdi um seguidor no Twitter, quando falei do cocô da minha filha. Provavelmente, é alguém que não tem filho e que ainda se enoja com comentários sobre cores e texturas da matéria fecal. Alguém que consegue dormir pelo menos 6 horas ininterruptas. Alguém que acha vômito algo nojento e impossível de lidar.

Eu já fui assim, então entendo. Juro.  Só não sei como pude viver sem experimentar um sentimento tão doce e puro quanto o amor que se tem por um filho.


Ah, e sim, eu também já fui bem menos apegada a clichês.

(Para entender o título do post, clique aqui.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Nem pra remédio

Estava doida para voltar a este espaço, mas a vida cobra o seu preço. Não vou entrar em detalhes, mas o fato é que minha querida filha nasceu prematurinha e tivemos que pagar um pedágio de 55 dias no Hospital Santa Lúcia. Imagine então o quão distante andei  das angústias (e alegrias, por que não?) do viver em Águas Claras. Agora, já há um mês em casa, com a rotina já estabelecida, voltei a me ocupar, nos exíguos minutinhos de folga entre mamadas, banhos e trocas de fralda, com e-mails de trabalho e blogs queridos.

Para ser bem exata, devo dizer que,  no caso do Em Águas Claras, a vontade de escrever surgiu a reboque daquele sentimento de indignação e perplexidade,  tão comum ao morador daqui, quando se vê diante da necessidade de usar algum aparelho público, algum sistema de apoio ao cidadão.  Precisei  levar a filha para vacinar e, adivinhem só, despencamos para Taguatinga, depois de calcular se o Guará não seria mais perto. Águas Claras não tem sequer UM POSTO de saúde. Com o perdão do trocadilho infame, não tem posto de saúde nem pra remédio. Fico impressionada com isso, pois vim de uma pequena cidade do interior mineiro, que tem menos de 60 mil habitantes, mas tem um posto de saúde em cada bairro. Pode isso, Arnaldo? Pode uma cidade do tamanho de Águas  Claras não dispor de um ÚNICO posto de saúde? Qual é a lógica (ou a ilógica) por trás dessa escolha (ou desse descaso) governamental? O que pensam os administradores e os que possuem a caneta (veja hoje, no Globo Repórter)? Classe média não precisa de creche nem de posto? Não precisa de praça nem de árvore? Meus sais, a gente precisa sim, e é isso que dimensiona nossa dignidade cidadã, de bons moços pagadores de impostos!

Em Taguatinga, fomos super bem atendidos pela equipe de saúde do posto e eu fiquei com uma invejinha danada da mãe que pode colocar o filhote num carrinho e ir,  pimpona e saltitante, vacinar o filho, com toda tranquilidade do mundo. Entre nós, moradores de Águas, essa vacinação, entretanto, exige tirar o carro da garagem, enfrentar trânsito, organizar a vida para viajar pela EPTG, por quilômetros a fio, que a unidade de saúde mais próxima não é assim, digamos, tão próxima...

E sabe o que é pior? Não tenho a  mínima esperança de que esse quadro se modifique, pois não somos REPRESENTADOS por ninguém, mas atendidos por uma burocracia morosa e insatisfatória. É numa hora dessas (e em tantas outras, como naquela em que um leitor envia denúncia da descaracterização que está sendo feita na praça Sabiá) que entendemos o poder da democracia que, como se sabe, é a pior forma de governo, salvo  todas as demais.  No momento, nossa realidade está no campo do “demais”: é indiferença demais, é imobilização demais, é desrespeito demais.


Um dia, quem sabe, a gota d’água chega e a gente desce junto a Castanheiras. Enquanto isso, apoiemo-nos na solução individual, que é a única que sabemos articular. Afinal, ainda bem que temos carro, não é mesmo? Isso nos serve,  pelo menos por enquanto, até que os buracos  nas ruas malcuidadas nos imobilizem de vez. 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Águas Turvas


Águas Claras vive, neste exato momento, uma daquelas manhãs mágicas, de  temperatura agradável e luz perfeita.  Em função disso, e como sou uma pessoa  pra cima, que sempre busca ver o melhor em tudo, falemos sobre a relação do águas-clarense (por favor, alguém poderia esclarecer qual é o termo correto????) com ela, a CHUVA.

Se para você a chuva é simplesmente um delicioso bater de gotas na janela ou uma chance sem igual para que plantinhas floresçam ou  para que seja possível viver um momento idílico, que envolva um balde de pipoca e uma lista deliciosa de filmes inéditos, devo dizer que, provavelmente, você NÃO mora em Águas Claras.

Por aqui, nossa relação com a chuva é um tantinho mais, digamos, visceral. Quando nuvens escuras se agrupam nos céus, nós:

- conferimos várias vezes, principalmente se é fim de expediente e estamos no Plano, para calcular o que é melhor fazer: sair antes ou depois da chuva? Parar no shopping e pagar algumas contas ou enfrentar o trânsito?  Ir pela EPTG ou pela Estrutural?
 - se, por sorte, já estamos em casa (ou ainda não saímos),  tomamos logo banho e colocamos todos os celulares e notebooks e tablets na tomada, para carregar, pois (e disso tenho certeza) a questão não é SE a energia elétrica vai faltar, mas  QUANDO isso acontecerá, de forma que é preciso ter os aparelhos bem carregadinhos, para que vaguemos pela casa, como almas penadas cibernéticas, cada um com seu celular na mão,  que essa é a última luminosidade que nos resta antes de apelarmos para as indefectíveis velas de 7 dias. Aliás, morro de inveja do Paixão, que tem, olhem só que incrível, uma LANTERNA no celular dele!!!! Não é incrível??? Da última vez em que precisamos subir escadas no escuro –porque sim,  meus queridos, nem todo prédio tem seu próprio gerador e nem todos os andares são baixos e nem sempre você se dispõe a esperar  17 horas para finalmente poder chegar em casa -, utilizamos essa fantástica tecnologia e eu pensei que preciso dar uma passada urgente na Feira dos Importados, pra comprar uma lanterninha de 1,99.

- se, por acaso, você está no trânsito, dentro da cidade, provavelmente estará  com  as mãos cravadas no volante, enquanto “brinca” de vídeo-game da vida real: opa, você desviou de um buraco. 10 pontos. Não conseguiu desviar do próximo, que está a 5 metros e é praticamente uma cratera. Perde 50 pontos e a paciência, mas a viagem precisa continuar. Agora é uma super poça. Paraabéns, você passou a 200 por hora, para conseguir não atolar, como aquele outro carro bem ao seu lado! Ops, agora é pedestre. Ok, você não perde uma vida e consegue frear a tempo e o carro de trás não bate em você e você pode mudar de fase, que agora é hora de tentar um caminho alternativo, para não passar naquela  Praça Flamboyant nem na Av. Águas Claras nem em todos aqueles lugares que, você sabe, são campos minados (deveria dizer molhados, pois não?) do jogo.

P.S.: enquanto brinco, lembro família querida, que mora na Estrutural, e que a chuva de ontem deixou sem casa, sem roupa, sem móveis: são 6 crianças e adolescentes, além dos pais. Façam uma vibração positiva para eles: o importante é que hoje não chova novamente, para que, até o final do dia, possam reconstruir o barraco.  Acreditem em mim, há situações muito piores que as que vivemos em Águas Claras – por mais que essas situações nos exasperem tanto, principalmente pelo descaso governamental e pela ausência de um “corpo” de manifestação popular bem estruturado (em bom português, individualismo atroz, de que padecemos todos, quase que sem exceção). Enfim, mas  isso é papo para outro chope, digo, post. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Abri mão do pão de queijo


Hoje tirei sangue no Sabin “de baixo” da Av. Castanheiras, ao lado do Super Maia. Até então, a família toda só tinha frequentado o que laboratório no Shopping Quê.

Pensem num achado (mérito do Paixão, que fez a proposta): o lugar estava super vazio (e olha que é bem maior que o outro “posto”!) e fui atendida imediatamente, sem nem precisar pegar senha.

A única ressalva (gente faminta é uma tristeza, mas são 12 horas de jejum, né?) é que não havia pão de queijo no lanchinho que oferecem. Não sei se foi o horário, se dei azar, se a “agência” não oferece os pães ali ou, finalmente, se o laboratório também está em ritmo de contenção de custos em estilo Gol...

Em todo caso, continua valendo a dica: se você  faz questão do Sabin, mas quer um ambiente maior e menos lotado, desça a Castanheiras. 

Roda Viva


Em Águas Claras, o dia amanhece. Lá do alto, poucas luzes acesas. Entretanto, a cidade não dorme mais: são 6h30 e um batalhão de pessoas surge, das entranhas do metrô. São as empregadas domésticas, os porteiros em troca de turno, os funcionários das inúmeras construtoras. É  a massa silenciosa que, daqui a bem pouco tempo, nos substituirá nos cuidados com a casa, com os filhos, com a segurança, com as construções de todo tipo.

Nós, por outro lado, acordaremos daqui a pouco, para enfrentar o trânsito enlouquecedor e torrar os neurônios em  escritórios pouco   humanos, para ganhar um dinheiro que, por sua vez, nos garantirá a possibilidade de contratar outras pessoas para tocar aquilo que, ao fim e ao cabo, é o que realmente interessa na vida.

Mas não é hora de pensar sobre isso, até porque, às vezes, pensar dói. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Novo rumo para Águas Claras?



Olá, gente amiga do Reino Encantado das Águas Claras.

Que sumiço, não?

Isso invariavelmente significa que a vida está interessante – ou pelo menos muito, muito ocupada.

Continuemos, a despeito disso, que o Mundo gira e a Lusitana roda.

Comecemos de forma poética (só que não). Andei lendo umas entrevistas com o novo administrador regional da cidade (leia a íntegra aqui) e simplesmente pre-ci-so comentar, com todo respeito, algumas falas interessantes. Comecemos (destaques todos  meus, ok?):

“Todos os questionamentos e solicitações da comunidade serão respondidos e atendidos, dentro das nossas possibilidades. Nós não temos uma varinha mágica, mas temos muita vontade de melhorar nossa Região, até mesmo por que, essa foi uma ordem expressa do Governador Agnelo.”

Não, vocês não têm uma varinha mágica. Entretanto, vocês têm, além da vontade que não questiono, também PODER (nem que seja o da “representatividade”, transferida via governador), o que significa quase a mesma coisa, num estado democrático de Direito. É preciso fazer essa varinha funcionar, acionar  - e desenvolver - as tais “possibilidades“,  para o bem de TODOS, e não de grupos econômicos específicos.

Vamos a mais um registro? Esse eu tirei daqui:

"O Parque Ecológico de Águas Claras é do Ibram (Instituto Brasília Ambiental). Precisamos da autorização deles para realizar qualquer intervenção. Nos últimos meses instalamos uma quadra de futebol de praia, futevôlei, quadra poliesportiva, além de banheiros feminino e masculino."

O Parque não é do Ibram. É do povo. O Ibram é o órgão responsável e, olhe só que interessante, pertence ao mesmo impávido e glorioso GDF. Administração integrada, simbora?

Vamos a mais um registro, para fechar o post com chave de ouro (ou de lama e entulho e barulho e transtornos a perder de vista):

"Não é possível que uma cidade cresça sem incômodos. Nós procuramos minimizar esses transtornos e não podemos deixar de ver o lado dos investidores. Quem investe também está criando moradias para a população. As empresas geram emprego e renda, são importantes para o desenvolvimento da cidade, mas precisam respeitar as regras. Não podemos admitir abusos. Estamos sendo rígidos com as construtoras e, junto à Agefis (Agência de Fiscalização), punindo excessos, como, por exemplo, sujeira nas pistas, vazamento de água, tapumes fora do lugar e deslocamento indevido de terras."


É preciso ver o lado dos investidores? É preciso entender que eles precisam ocupar as ruas em horário de pico? Que precisam despejar água na rua, por dias a fio? Que necessitam cumprir prazos e trabalhar até as 11 da noite? Que querem o bem da cidade e torcem para que isso aqui se transforme num lindo e maravilhoso espaço de cidadania responsável, todo arborizado e sustentável? Que vão criar seus filhos por aqui e, exatamente por isso, preocupam-se com a construção e a manutenção de aparelhos públicos decentes?

Enfim, concordo com o Sr. Administrador em pelo menos uma coisinha: é preciso ver  - e só não vê quem não quer.