quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Águas Turvas


Águas Claras vive, neste exato momento, uma daquelas manhãs mágicas, de  temperatura agradável e luz perfeita.  Em função disso, e como sou uma pessoa  pra cima, que sempre busca ver o melhor em tudo, falemos sobre a relação do águas-clarense (por favor, alguém poderia esclarecer qual é o termo correto????) com ela, a CHUVA.

Se para você a chuva é simplesmente um delicioso bater de gotas na janela ou uma chance sem igual para que plantinhas floresçam ou  para que seja possível viver um momento idílico, que envolva um balde de pipoca e uma lista deliciosa de filmes inéditos, devo dizer que, provavelmente, você NÃO mora em Águas Claras.

Por aqui, nossa relação com a chuva é um tantinho mais, digamos, visceral. Quando nuvens escuras se agrupam nos céus, nós:

- conferimos várias vezes, principalmente se é fim de expediente e estamos no Plano, para calcular o que é melhor fazer: sair antes ou depois da chuva? Parar no shopping e pagar algumas contas ou enfrentar o trânsito?  Ir pela EPTG ou pela Estrutural?
 - se, por sorte, já estamos em casa (ou ainda não saímos),  tomamos logo banho e colocamos todos os celulares e notebooks e tablets na tomada, para carregar, pois (e disso tenho certeza) a questão não é SE a energia elétrica vai faltar, mas  QUANDO isso acontecerá, de forma que é preciso ter os aparelhos bem carregadinhos, para que vaguemos pela casa, como almas penadas cibernéticas, cada um com seu celular na mão,  que essa é a última luminosidade que nos resta antes de apelarmos para as indefectíveis velas de 7 dias. Aliás, morro de inveja do Paixão, que tem, olhem só que incrível, uma LANTERNA no celular dele!!!! Não é incrível??? Da última vez em que precisamos subir escadas no escuro –porque sim,  meus queridos, nem todo prédio tem seu próprio gerador e nem todos os andares são baixos e nem sempre você se dispõe a esperar  17 horas para finalmente poder chegar em casa -, utilizamos essa fantástica tecnologia e eu pensei que preciso dar uma passada urgente na Feira dos Importados, pra comprar uma lanterninha de 1,99.

- se, por acaso, você está no trânsito, dentro da cidade, provavelmente estará  com  as mãos cravadas no volante, enquanto “brinca” de vídeo-game da vida real: opa, você desviou de um buraco. 10 pontos. Não conseguiu desviar do próximo, que está a 5 metros e é praticamente uma cratera. Perde 50 pontos e a paciência, mas a viagem precisa continuar. Agora é uma super poça. Paraabéns, você passou a 200 por hora, para conseguir não atolar, como aquele outro carro bem ao seu lado! Ops, agora é pedestre. Ok, você não perde uma vida e consegue frear a tempo e o carro de trás não bate em você e você pode mudar de fase, que agora é hora de tentar um caminho alternativo, para não passar naquela  Praça Flamboyant nem na Av. Águas Claras nem em todos aqueles lugares que, você sabe, são campos minados (deveria dizer molhados, pois não?) do jogo.

P.S.: enquanto brinco, lembro família querida, que mora na Estrutural, e que a chuva de ontem deixou sem casa, sem roupa, sem móveis: são 6 crianças e adolescentes, além dos pais. Façam uma vibração positiva para eles: o importante é que hoje não chova novamente, para que, até o final do dia, possam reconstruir o barraco.  Acreditem em mim, há situações muito piores que as que vivemos em Águas Claras – por mais que essas situações nos exasperem tanto, principalmente pelo descaso governamental e pela ausência de um “corpo” de manifestação popular bem estruturado (em bom português, individualismo atroz, de que padecemos todos, quase que sem exceção). Enfim, mas  isso é papo para outro chope, digo, post. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Abri mão do pão de queijo


Hoje tirei sangue no Sabin “de baixo” da Av. Castanheiras, ao lado do Super Maia. Até então, a família toda só tinha frequentado o que laboratório no Shopping Quê.

Pensem num achado (mérito do Paixão, que fez a proposta): o lugar estava super vazio (e olha que é bem maior que o outro “posto”!) e fui atendida imediatamente, sem nem precisar pegar senha.

A única ressalva (gente faminta é uma tristeza, mas são 12 horas de jejum, né?) é que não havia pão de queijo no lanchinho que oferecem. Não sei se foi o horário, se dei azar, se a “agência” não oferece os pães ali ou, finalmente, se o laboratório também está em ritmo de contenção de custos em estilo Gol...

Em todo caso, continua valendo a dica: se você  faz questão do Sabin, mas quer um ambiente maior e menos lotado, desça a Castanheiras. 

Roda Viva


Em Águas Claras, o dia amanhece. Lá do alto, poucas luzes acesas. Entretanto, a cidade não dorme mais: são 6h30 e um batalhão de pessoas surge, das entranhas do metrô. São as empregadas domésticas, os porteiros em troca de turno, os funcionários das inúmeras construtoras. É  a massa silenciosa que, daqui a bem pouco tempo, nos substituirá nos cuidados com a casa, com os filhos, com a segurança, com as construções de todo tipo.

Nós, por outro lado, acordaremos daqui a pouco, para enfrentar o trânsito enlouquecedor e torrar os neurônios em  escritórios pouco   humanos, para ganhar um dinheiro que, por sua vez, nos garantirá a possibilidade de contratar outras pessoas para tocar aquilo que, ao fim e ao cabo, é o que realmente interessa na vida.

Mas não é hora de pensar sobre isso, até porque, às vezes, pensar dói. 

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Novo rumo para Águas Claras?



Olá, gente amiga do Reino Encantado das Águas Claras.

Que sumiço, não?

Isso invariavelmente significa que a vida está interessante – ou pelo menos muito, muito ocupada.

Continuemos, a despeito disso, que o Mundo gira e a Lusitana roda.

Comecemos de forma poética (só que não). Andei lendo umas entrevistas com o novo administrador regional da cidade (leia a íntegra aqui) e simplesmente pre-ci-so comentar, com todo respeito, algumas falas interessantes. Comecemos (destaques todos  meus, ok?):

“Todos os questionamentos e solicitações da comunidade serão respondidos e atendidos, dentro das nossas possibilidades. Nós não temos uma varinha mágica, mas temos muita vontade de melhorar nossa Região, até mesmo por que, essa foi uma ordem expressa do Governador Agnelo.”

Não, vocês não têm uma varinha mágica. Entretanto, vocês têm, além da vontade que não questiono, também PODER (nem que seja o da “representatividade”, transferida via governador), o que significa quase a mesma coisa, num estado democrático de Direito. É preciso fazer essa varinha funcionar, acionar  - e desenvolver - as tais “possibilidades“,  para o bem de TODOS, e não de grupos econômicos específicos.

Vamos a mais um registro? Esse eu tirei daqui:

"O Parque Ecológico de Águas Claras é do Ibram (Instituto Brasília Ambiental). Precisamos da autorização deles para realizar qualquer intervenção. Nos últimos meses instalamos uma quadra de futebol de praia, futevôlei, quadra poliesportiva, além de banheiros feminino e masculino."

O Parque não é do Ibram. É do povo. O Ibram é o órgão responsável e, olhe só que interessante, pertence ao mesmo impávido e glorioso GDF. Administração integrada, simbora?

Vamos a mais um registro, para fechar o post com chave de ouro (ou de lama e entulho e barulho e transtornos a perder de vista):

"Não é possível que uma cidade cresça sem incômodos. Nós procuramos minimizar esses transtornos e não podemos deixar de ver o lado dos investidores. Quem investe também está criando moradias para a população. As empresas geram emprego e renda, são importantes para o desenvolvimento da cidade, mas precisam respeitar as regras. Não podemos admitir abusos. Estamos sendo rígidos com as construtoras e, junto à Agefis (Agência de Fiscalização), punindo excessos, como, por exemplo, sujeira nas pistas, vazamento de água, tapumes fora do lugar e deslocamento indevido de terras."


É preciso ver o lado dos investidores? É preciso entender que eles precisam ocupar as ruas em horário de pico? Que precisam despejar água na rua, por dias a fio? Que necessitam cumprir prazos e trabalhar até as 11 da noite? Que querem o bem da cidade e torcem para que isso aqui se transforme num lindo e maravilhoso espaço de cidadania responsável, todo arborizado e sustentável? Que vão criar seus filhos por aqui e, exatamente por isso, preocupam-se com a construção e a manutenção de aparelhos públicos decentes?

Enfim, concordo com o Sr. Administrador em pelo menos uma coisinha: é preciso ver  - e só não vê quem não quer.