sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A pé - e com sacolinha reciclável

Uma das sacadas mais bacanas desta onda chamada “Sustentabilidade” (um balaio de gatos muito amplo, no qual cabem muitos conceitos) é a que defende a valorização dos comerciantes  e fornecedores (a palavra da moda é “empreendedores”, pois não?) locais. O chamado “consumo  local” evitaria gastos  (e desgastes) tais como combustível para transporte ou material para embalagem.

Intuitivamente, com quase nenhum respaldo teórico (ou mesmo atuação militante), essa tem sido uma tendência  que tenho acompanhado com muito interesse e aplicado com algum empenho. Talvez por morar em Águas Claras e trabalhar no Plano Piloto, vivendo as agruras do trânsito, tenho buscado cada vez mais resolver minha vida num raio de poucos quilômetros. Afinal, já que não posso mudar meu local de trabalho, posso pelo menos fazer as unhas na vizinhança... Só para dar um exemplo da “radicalidade” com que tenho adotado o modelo: desde que me mudei para a cidade, sempre  fiz depilação e sobrancelha com as mesmas pessoas. São profissionais excelentes, mas, durante esse meu “sabático da maternidade”, acabei testando outros, mais perto ainda. A ideia é alcançar os serviços a pé: se para chegar ao endereço antigo eu levaria uns 20 minutos, agora levo 5 - e não perco nada em qualidade.


Sei que para muita gente isso é inviável, pois a fidelidade aos fornecedores pode ser grande.  A grande questão é que, no caso que narro,  por mais que os profissionais sejam bons, é possível encontrar algo equivalente, muito mais perto – e eu sempre optarei pela proximidade, pela familiaridade, pela formação de parcerias mais parecidas com a vida no interior. Como disse (e ficou claro no que escrevo), não sou uma especialista, mas percebo que, se essa tendência se disseminar e se estabelecer,  as empresas precisarão investir em dois grandes blocos de atuação: ou se tornam imprescindíveis, oferecendo produtos (realmente) insubstituíveis, ou resolvem para seus clientes essa questão da mobilidade, que, no meu entendimento, será chave para  as gerações que virão.  Fazer mais do mesmo, sem se tornar especial ou se aproximar pra valer de quem consome, será dar tiro no próprio pé.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Águas Claras para Iniciantes

Recebi ontem comentário de um leitor aflito, que busca informações sobre Águas Claras, e achei que isso daria um bom post. Reproduzo a seguir o pedido do Roberto:

Gostei muito do seu blog, mas estou boiando em muitas coisas. Não sei onde é o Primeiro Bar, por exemplo. Só conheço Águas Claras pelo mapa. Mas, em breve, vou morar aí. É assustador. Minha esposa terá uma semana para escolher um apartamento, e também conhece muito pouco sua terra; moramos em Beagá. Por favor, para não boiarmos literalmente (há no YouTube uns vídeos terroristas com enchentes em AC), me responda: a rua 18 sul é boa de morar? dá para ir andando até o metrô com tranquilidade? E o condomínio Tropical, é uma boa opção? Onde é ótimo, onde é bom e onde é roubada em Águas Claras? Desculpe as perguntas, mas a insegurança é fogo. 

Caro leitor, em primeiro lugar, você deve mesmo estar boiando MUITO. O blog é todo cheio de referências de aldeia, então deve ser super chato ler certas passagens, por isso agradeço sua audiência. Aproveitando o ensejo de boias e similres, não se preocupe muito com enchentes na cidade. Houve um tempo, logo que cheguei aqui (faz 3 anos), que aconteciam uns entupimentos de bueiro que eu vou lhe falar, um dia quase boiei  com meu carro (de forma literal) na rotatória da Uniplan (você vai entender um dia  qual é essa rotatória).  Parece-me (e os outros leitores me corrijam, se estiver errada) que essa situação é bem menos comum, pois eles abriram umas saídas para a água. 

Uma coisa que você tem que ficar esperto, principalmente se for COMPRAR o apartamento, é para o caso de construções nas quais a garagem começa a “brotar” água. Ocorre que, como o nome diz, este aqui era um lugar de muitas nascentes, que a sanha imobiliária (adoro expressões-clichê! abafou com concreto, mas, você sabe, “água mole em pedra dura...”,  então é bom ficar de olho. Quem me disse isso foi uma corretora  que queria empurrar uma casa  em outro bairro, mas acho que pode ter lá seu fundo de verdade.

Sigamos.

Não sei como vocês vão se locomover pela cidade, mas um dos critérios que adotei, ao escolher apartamento, era o da proximidade com esse meio de locomoção. Poder ir a pé até a estação é bacana. Também já ouvi, de uma pessoa experiente, que o ideal é preferir as quadras “fechadas”, aquelas com pracinhas, pois são mais tranquilas. Em outras palavras, as beiradas da cidade são menos movimentadas que o miolo. Eu moro no miolo, mas, se soubesse disso antes, talvez tivesse preferido uma das quadras. Um outro critério, este de ordem menos prática, mas que considerei também, é o da proximidade com o Parque. Amigo, você e sua mulher, mesmo não sendo malhadores contumazes, certamente curtirão um fim de tarde em frente ao laguinho, ou tomando uma água de coco no quiosque. É muito bom e descansa o olhar da gente de tanto prédio e carro.

E por falar em carro, prepare-se. Águas Claras fica bem próximo do Plano Piloto (uns 15 minutos, no máximo, de carro), mas, nos horários de pico, você pode levar mais de 1 hora para alcançar seu destino. Isso é bem estressante, mas contornável, tanto que conheço muita gente de poder aquisitivo alto que, mesmo podendo  se livrar disso, prefere ficar por aqui mesmo. Enfim, estou procurando traçar o cenário real: prepare-se para dirigir e dirigir e dirigir (daí a importância do metrô, entende?). Digo isso, evidentemente, levando em consideração que você e sua mulher vão trabalhar no Plano Piloto, em horário comercial. Se o horário for mais flexível ou mesmo vocês forem trabalhar por aqui mesmo, fica perfeito, até porque uma das outras vantagens de Águas é que dá para resolver tudo por aqui, principalmente no que diz respeito ao consumo. Como a cidade é considerada território de emergente (e é), dá para curtir por aqui – ou, no máximo, em Taguatinga, que é grudada com Águas Claras.

A propósito, já vão aprendendo: a resposta para todas as suas dúvidas e questionamentos acerca de situações práticas é quase sempre uma só: Taguatinga. Hospital? Águas Claras não tem, mas Taguatinga tem o Anchieta, que dá bem para o gasto. Escola pública? Águas Claras não tem, mas Taguatinga sim. Shopping maior? Só em Tagua. Em outras palavras: se você quer se divertir, Águas Claras é autossuficiente. Se quer trabalhar, vá para o Plano. Se quer resolver coisas práticas e gastar menos, Taguatinga.

Acho que já falei demais. Quem sabe volto ao assunto noutro momento, criando uma série sobre o tema? Achei legal! Quanto a vocês, querido  casal, não se assustem. Procurei dar um panorama o mais isento possível, mas a verdade é que sou apaixonada por Águas Claras. Não é à toa que inclusive tenho um blog sobre a cidade. Se sua mulher precisar de alguma ajuda quando vier escolher o apartamento, é só falar, que eu reservo um tempo na minha agenda para ela (isso se ela não se incomodar de sair com um bebê e uma bolsa e tudo mais).

(A propósito, no meu prédio há muitos apartamentos para alugar.


Vocês fazem questão de muito espaço?)

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Rovereto Pizza na Pedra

(Este não é um publieditorial stricto sensu, pois ninguém nos procurou para bancar um rodízio de pizza, mas preciso avisar que ganhei um sorteio das Mães Amigas de Águas Claras  e participei da inauguração, sem ônus (só pagamos as bebidas). Preciso esclarecer isso, não só por uma questão de transparência, mas principalmente porque tecerei alguns elogios e quero deixar claro que esses elogios NÃO têm a ver com o fato de eu ter comido digrátis. Quem me conhece sabe que, se a coisa fosse ruim, eu não perderia meu tempo mentindo aqui, mas é bom deixar tudo às claras.


Ufa, que confuso, não? E eu só queria dizer que não se compra minha opinião com uma rodada de pizzas.


Pronto, continuemos.)


A pizzaria é pequena, fica no prédio ao lado do Vitrinni Shopping (dá frente para a Boulevard, ou seja, para o metrô). Já comecei a gostar por aí. Tenho muita simpatia por espaços originais,  diferentes. Ando meio cansada de franquias e padronizações. É gostoso entrar num lugar e não saber muito bem o que encontrar, abrir-se para o novo, fugir dos esquemas pré-estabelecidos.


Logo na entrada, quem é que encontramos? O Osmaaaaaaar, do mítico Bar do Osmar. Já comentei sobre o tal bar por aqui e lamentei muito quando fechou (ficava naquela região de barzinhos conhecida como “Quadra do Pirata’s). Vai que o mundo gira e o Osmar é gerente da pizzaria, que o dono mora no mesmo prédio que o Osmar e o Paixão depois me falou que sentiu uma alegriazinha danada, quando encontrou o gerente, pois pensou “ufa, não é tão roubada assim como eu pensei, pelo menos a cerveja gelada está garantida, que o Osmar é profissional”.


Logo começaram a servir e, gente, a pizza veio na pedra mesmo, pedra pesada, que os pobres dos garçons se dependuravam nos pratos para servir (acho que o modelo da pizzaria não é rodízio; eles só serviram assim para nosso grupo). Quando experimentamos, nossa, que coisa boa de verdade. Não é uma pizza gourmet, tipo as do Dudu Camargo, mas passa LONGE daquelas que pedimos pelo telefone ou encaramos nesses rodizões da vida. Massa delicada, recheio impecável e, gente, uma bordinha de queijo tostadinho que eu nunca tinha comido antes numa pizza (sou mineira e queijo sempre cai bem, né?).


Achei engraçada a fala do dono: “gente, avisem para as pessoas que a pizza aqui é na pedra, então pode demorar um pouco”. Na verdade, o que eu estou avisando para meus amigos mesmo é que vale a pena experimentar, nem que seja para fugir do ramerrão rubinho-shoppingquê-vamospedirportelefonemesmo.  Se demorar, você pede um chopinho (ou  um suco, que também estava ótimo) e aproveita para namorar ou jogar conversa fora, que viver também é isso.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Old School

Enquanto não sai oficialmente o nome do novo Administrador de Águas Claras (quero muito dedicar a ele um postzinho...), falemos sobre um tema que já apareceu neste blog, mas que merece ser retomado: “o novo jeito de morar”. O tema me toca porque é assim que eu vivo, desse jeito moderno, avançado, dinâmico e... detestável.

Tratemos do prédio onde moro: o prédio foi todo pensado dentro dessa perspectiva inovadora. Dá pra você perceber o  trabalho de um MEGA arquiteto, que tudo ali foi pensado, estudado, que não se criou uma caixa de sapatos pouco criativa. O local tem projeto arquitetônico, não se pode negar: a fachada é linda, a recepção tem pé-direito alto, as torres são bacanas. Tudo é lindo (apesar da construtora ter utilizado material de quinta categoria, mas isso é papo para um outro post), mas não se pode ignorar que, em cada corredor e em cada viga, grita um CONCEITO, uma PROPOSTA, que basicamente consiste, vejam só vocês, num novo jeito de morar.

O conceito, no caso, me parece ser o seguinte: vida comunitária. Tudo no “complexo” foi pensado a partir da convivência, da interação, da utilização de espaços comuns. A partir dessa ideia, tudo foi estruturado: a área de lazer é fantástica, com direito a quadra de squash, cinema e  “espaço comum” a cada 6 andares. Os espaços privados, os apartamentos em si, por sua vez, não precisam ser tão grandes. Eles são um lugar para se dormir apenas. Todas as outras atividades que fazemos num lar (receber amigos, brincar com as crianças, jogar, malhar, cozinhar) podem (e devem) ser feitas de forma compartilhada, do ladinho do seu vizinho do 23º andar.

Acho de verdade que deve funcionar para alguém. Penso inclusive que isso pode ser uma tendência  irreversível, mas sou old school e, meus amigos, tudo que eu mais quero nesta vida é:
dizer apenas  “boa tarde” e “boa noite” para os vizinhos, no elevador e não saber nada da vida deles e  eles não saberem nada da minha e sim, eu sou muito egoísta e cada vez que desci para a brinquedoteca tinha umas 3 mães camaradas entre sí, que me olharam com hostilidade e eu não tenho saco para conquistá-las ou mesmo provar que sou moradora sim e que tenho tanto direito quanto elas de estar ali;
-cozinha onde caiba uma mesa, ainda que pequena, e não uma cozinha que é um corredor estreito, onde, para passar um, o outro tem que interromper a tarefa (“amor, dá licença, posso abrir a geladeira?”; “claro, bem, pode passar, eu já estou terminando aqui com as louças”);
um banheiro onde seja possível pendurar os xampus.

Enfim, sou uma velhinha com dificuldades adaptativas, que só quer mesmo um jeito antigo de morar, com privacidade, espaço, convivência seletiva.


(Depois de reler o post, vi que preciso mesmo é voltar a estudar, pois a grana é curta e, por enquanto, tenho mesmo é que levantar a mão para os céus por, diferente de tanta gente, ter onde morar.)